quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

E por falar em Tóxico...

A palavra tóxico, como tantas outras, nasceu em Portugal. Mais concretamente em Lisboa no bairro do calvário.
O ano civil era o de 1784, e os tempos no Calvário eram de prosperidade.
A rua da indústria cheirava a um misto de flores da Maria Alzira e pão do Manel Pascoal, era mágico.
Havia no número 34 um sapateiro, não, um artista do calçado.
António Francisco Paiva, o Tó Xico, era artesão no ramo da sapataria, considerado um mestre pelos seus pares.
António calçava a Corte e toda a Lisboa nobre, era conhecido em todo o lado e todos queriam um chapim feito pelas suas mãos (vulgo téni dos dias de hoje).
Mas nem tudo eram rosas para o António, aliás, se havia algo que não tinha nada a ver com o problema dele seriam as rosas, que têm um cheiro tão agradável.
O problema eram as frieiras, e o trabalhar sempre de pé não ajudava nada. O cheiro a chulé dos pés do António era insuportável, por isso, sempre que ele se aproximava os vizinhos gritavam, TÓ XICO e é aí que nasce para o Mundo mais uma expressão tão utilizada nos dias de hoje. As curiosidades que a nossa Lisboa guarda nos seus recantos hein?

Sempre a considerar-vos
Fortes abraços, beijinhos e saúdinha.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Por falar em cheira-me a esturro

A expressão “cheira-me a esturro” sempre foi uma das minhas preferidas. Quero por isso hoje, partilhar convosco a origem desta tão usada expressão. Para isso, temos que recuar até 1558, junto ao sopé da Serra de Montejunto à pequena aldeia de Sarilhos em Barda, um nome peculiar como o de tantas outras neste nosso Portugal. Um dos mais notados habitantes de Sarilhos, era João Esturro, um “trouble maker” como dizem os americanos, um reguila que atazanava a vida a toda a aldeia. Mas João não se contentava com pregar as partidas, ele tinha que assistir a tudo, tin-tin por tin tin.
Esse “fetiche” juntamente com a agravante de o pobre do Esturro se fazer acompanhar sempre por um cheiro a suor um tudo nada incomodativo foram determinantes. Imaginem o odor que a virilha do Petit emana, depois de jogar 120 minutos na final do Mundial e fugir à banheira durante 15 dias… é mais ou menos igual, só que muito pior. Este cheiro acontecia derivado a uma patologia de que "Johnny Sturrens" (petitnom usado pelos mais chegados) sofria desde criança.
Johnny, tinha normalmente muito cuidado e posicionava-se a uma distância segura do “local do crime”, mas desta vez o entusiasmo era tanto que se esqueceu de contar com o vento, que soprava exactamente na direcção do dito local, onde ele tinha preparado tudo para o Zé Mário Madeira, o carpinteiro de Sarilhos, com quem João tinha umas contas a ajustar, levar com um balde de água em cima quando saisse da sua oficina. O pobre do Madeira ficou gelado até aos ossos.
Ora tudo correu de feição, até aquele vento nordeste, fazer o pungente cheiro à virilha do Petit chegar ao nariz a pingar água fresquinha do Zé Mário, e é aí que se faz história, porque pela primeira vez ouve-se “Hhhhhmmm… Isto cheira-me a Esturro!”.

E é isto malta! Mais uma expressão cuja origem foi deslindada aqui pelo Sabichas!!!

Sempre a considerar-vos
Fortes abraços, beijinhos e saúdinha.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

E por falar em: "Ai que bem que se está no campo!"

A expressão, "Ai que bem que se está no campo!" nasceu no longínquo ano de 1893 na lindíssima e bucólica Vila de Sintra. Quem acha esta tão usada expressão extremamente apaneleirada ou rabicha, está no caminho certo. Vamos então a factos históricos.
D. Miguel Vilhena, era Visconde da Portela de Sintra e aos 58 anos, vivia numa magnífica quinta em Colares, com toda uma parafernália de criadagem. De todo o seu "Staff", D. Miguel não conseguia de maneira alguma esconder o carinho especial que nutria por Adelino Campos, o jardineiro. Adelino era um rapagão de 21 anos que tratava dos jardins da quinta, D. Miguel, dizia até que ninguém lhe punha as buganvílias em pé como o Adelino, enfim, era um artista, e como todos os artistas, tinha as suas manias. Adelino gostava de podar nu.
D. Miguel, que era panuca e estava completemente "enfeitiçado" por Adelino, resolveu um dia surpreendê-lo enquanto este, nu, aliás como de costume, transformava um simples arbusto, numa escultura perfeita de 38 flamingos a levantar vôo. E assim foi, D. Miguel surgiu também todo nu ao pé de Adelino Campos. E é aí que a porca torce o rabo, então não é que vai-se a ver e o cabrão do Adelino afinal, não apanhava bananas com a peida, era só mesmo uma mania de artista. Como o emprego na altura não abundava, ele conteve-se, sem no entanto conseguir disfarçar algum constrangimento, vai daí, D. Miguel ao se aperceber que tinha posto a pata na poça, e querendo a todo o custo evitar que a malfadada história saisse dali, pôs um ar o mais casual possível e lançou a pérola: "Ai que bem que se está nu ó campos!"

Mais uma vez, a história foi sendo contada e distorcida e pronto, aí está mais uma bela expressão do nosso Português.

Sempre a considerar-vos
Fortes abraços, beijinhos e saúdinha.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

E por falar em santinho...

Aquando de um espirro (ou espilrro, como quiserem...) ouvimos sempre um santinho, ou santinha que o segue. Porquê?
Sendo que nós narcisicamente nos auto-intitulamos de "O Mocho" e "O Sabichão", obviamente que vos podemos e queremos, esclarecer esta dúvida secular que paira sobre vossas cabeças.
Corria o ano de 1111, quando José Cid e seus comparsas... Ai, espera aí que não é esta a história.
Bom, dizia eu que corria o ano de 1223 e um habitante da muy nobre e invicta cidade do Porto tinha em suas mãos o poder da cura! Era mesmo muito hábil. Vá, era farmaceutico. Esse homem era o Dr. José Sá e Tinho, e não havia espirro na cidade que lhe escapasse. Sá e Tinho, percorria as ruas da cidade Porto, vestindo o sua então denominada "Capa de Mago", que era no fundo uma espécie de colete de caçador mas ao comprido e cheio de bolsos. Lá ele carregava a cura em frascos. Recapitulando, era um farmacêutico ambulante que vendia xarope. A sua fama rapidamente se espalhou pelo reino e mal se sentisse um espirrinho, imediatamente alguém gritava: "Sá e Tinhoooo".
Já percebeu com certeza o leitor, que com o tempo e a preguiça que orgulhosamente caracteriza o povo Português, que a expressão sofreu entretanto metamorfoses, chegando aos nossos dias como o vulgar, banal e sempre educado "Santinho!".

Fortes abraços, beijinhos e saúdinha.

Santinho!

E por falar em aqui há gato...

Um dos objectivos deste blog, é desmitificar toda uma família de dizeres que consideramos... (ainda que sempre com a humildade que nos caracteriza) peculiares. Vá. É isso. Peculiares.
Ora "Aqui há gato!" cabe sem dúvida na classe, diria mesmo que a dita classe lhe assenta que nem uma luva, por isso vamos fazer o que nos compete e desmistificamos já isto.
Aqui há gato, é uma expressão utilizada, quando algo não corre como o previsto, e a questão que muito se põe é... mas PORQUÊ? Será um gato um rufia que nunca deixa as coisas decorrerem como foi planeado? Estará ele sempre atrás de uma porta à espera que saiam todos da sala para ele mudar tudo de sítio? Não sabemos. O que sabemos é que esta expressão nasceu em 1798 em Leipzig, Alemanha, e é vítima do boca-a-boca.
"Aqui há gato!" nasceu "Zambugen Vasstrudel!" ("Aqui há rato!" em alemão. Como toda a gente sabe.), quando a senhora Claudia Frauleinster, encontrou os seus queijos ratados na dispensa de sua casa. Na altura passava junto à sua janela da cozinha Wolfgang Jorgenstein, que ouviu "Zambugen Nesstrudel!" ("Aqui há gato!") gostou da sonoridade e começou a usar a expressão, que pegou e chegou até aos dias de hoje.
Curioso não?
São estas pequenas vicissitudes...
Fortes abraços, beijinhos e saúdinha!

Aqui há gato